quarta-feira, 30 de junho de 2010

Apertem os cintos o Piloto Sumiu


Tá certo que se fosse hoje não acharia esse filme grandes coisas, mas na época era o máximo da comédia.

Essa semana Apertem os Cintos completou 30 anos e pode até não merecer nossos mais efusivos parabéns, mas uma coisa é certa, a cena da mulher que entra em pânico e é acalmada aos tapas é um clássico.


Segue o video para vê-la outra vez:

terça-feira, 29 de junho de 2010

30 coisas para fazer antes dos 30: A Lista de Wendy

Segue a lista ditada ao meu ouvido pela incansável Sininho:






1-   Cair no mar de roupa e tudo
2-   Saltar de paraquedas
3-   Viajar para assistir um show de rock
4-   Escrever uma carta para meu autor favorito
5-   Aprender a fazer Caruru completo
6-   Aprender a fazer Feijoada completa
7-   Visitar um orfanato
8-   Oferecer um jantar à meus pais
9-   Dizer a meu pai que eu o amo
10- Dizer a minha mãe que eu a amo
11- Dizer a meu irmão que eu o amo
12- Dirigir um carro que custe mais que meu próprio apartamento
13- Fazer aula de Dança Tribal
14- Ver neve ao vivo pela primeira vez
15- Tirar minha dupla nacionalidade
16- Arrumar as malas e sair sem rumo em um feriado
17- Sair sem mala nem mochila para uma viagem de fim de semana
18- Ler um livro sobre algo que não tenha nada a ver comigo
19- Sair para tomar chuva de propósito até ficar ensopada
20- Tirar minha carteira de Arrais Amador
21- Fazer um piquenique em um parque
22- Fazer uma previdência privada
23- Costurar uma roupa do zero e usá-la para sair
24- Dar pequenas lembranças aos meus vizinhos no Natal
25- Manter-me abaixo dos 52kg
26- Fazer uma reforma no apartamento
27- Emoldurar e pendurar minhas melhores fotos
28- Mergulhar num rio de águas congelantes
29- Assistir uma Ópera
30- Organizar uma festa temática


 
E aí, será que dá?

30 coisas para fazer antes dos 30


Uma das leitoras do nosso blog (Milena) sugeriu no comentário do post: Procrastinação, ansiedade e o fluxo natural das coisas... que fizessemos uma lista de 50 coisas para fazer antes de morrer.

Eu, Wendy, proponho as autoras do blog que façamos cada qual uma lista de 30 coisas para fazer antes dos 30. Serão itens inéditos ou quase na vida de cada uma e a cada feito vamos fazer um update no blog.

Fica o desafio!

Melissa


Oh sim, essa trintona pegou muito no nosso pé nos últimos anos.
Parabéns atrasado à sandália feminina mais famosa dos últimos trinta e um anos!
E para quem não viu, segue o vídeo comemorativo:

Meus heróis não morreram de overdose...

Sim, aos quase trinta anos você deve ter visto morrer vários de seus heróis. Bom, pelo menos eu vi...

No entanto ninguém me deu os pêsames quando eu descobri que aquele professor, coordenador, chefe, diretor, não era aquela pessoa maravilhosa que eu, na minha inocência dos 20 poucos anos, imaginava. Meu campo profissional hoje parece mais um campo santo de tantas que são as lápides...

Bebi vários defuntos com alguns colegas de faculdade e trabalho. Outros tantos fiz questão de nem mandar flores.

O problema com a morte dos nossos heróis não é bem o luto, mas o que fica depois. Uma descrença no ideal, no fazer a diferença, no poder ser diferente e ao invés de pagar, ser recompensado por isso.

Com a morte de cada herói fica mais fácil, acomodar, retrair, e cantar como Elis:

"(...) ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais."

Livro do Desassossego


"Todos temos o patrão Vasques, para uns visível, para outros invisível. Para mim chama-se realmente Vasques, e é um homem sadio, agradável, de vez em quando brusco mas sem lado de dentro, interesseiro mas no fundo justo, com uma justiça que falta a muitos grandes gênios e a muitas maravilhas humanas da civilização, direita e esquerda. Para outros será a vaidade, a ânsia de maior riqueza, a glória, a mortalidade... Prefiro o Vasques homem meu patrão, que é mais tratável, nas horas difíceis, que todos os patrões abstratos do mundo.

Considerando que eu ganhava pouco, disse-me o outro dia um amigo, sócio de uma firma que é próspera por negócios com todo o Estado: "você é explorado, Borges" [sic], Recordou-me isso de que o sou; mas como na vida temos todos que ser explorados, pergunto se valerá menos a pena ser explorado pelo Vasques das fazendas do que pela vaidade, pela glória, pelo despeito, pela inveja ou pelo impossível."

Fernando Pessoa

domingo, 27 de junho de 2010

Pais e filhos com quase trinta...

Minha caríssima amiga Alice no seu último post me lembrou de um dos tormentos dos meus quase trinta, a mudança de meus pais.

Quando digo mudança falo por vários ângulos:

- Mudança de vida de ambos que deixaram ou estão quase deixando de trabalhar e hoje viajam e se divertem bem mais do que eu graças a Deus!
- Mudança na forma como eles me vêem: quase de igual pra igual, sempre com saudade e uma ponta de orgulho com um misto de preocupação constante (tá esse último aí não mudou, rs)
- Mudança na forma como os vejo, como pessoas que definitivamente não estarão aqui para sempre, com os quais todo o tempo é curto de mais, pessoas que não devem em absoluto serem ocupadas com os meus problemas e agonias pessoais, pessoas a quem devo absolutamente tudo!
- Mudança de família, deixamos de viver sobre o mesmo teto e de repente somos 2 famílias diferentes, nossas rotinas estão separadas por horas, dias, semanas a fio...

Fala serio! Como administrar isso tudo???
Parece loucura. Moro a apenas 12Km da casa de meus pais e simplesmente às vezes passamos 20 dias ou mais sem nos ver. Trabalho durante a semana de dia e a noite, viajo a trabalho, nos fins de semana namorado, faxina, mercado, amigos... Eles trabalham ou não durante a semana, viajam muitas vezes durante a semana e quase sempre aos fins de semana, dão plantão, dormem na casa de meus avós...

Como fazemos?

Gente é incrível a saudade que bate e sobretudo aquela sensação (que normalmente seria dos nossos pais): a de estar perdendo uma etapa preciosa na vida desses entes tão queridos.

Eu consigo




Eu consigo...
Não, essa frase não foi dita por Platão, Sócrates ou Shankar de Caminho das Índias...
Essa frase simples, complexa e sábia, foi dita por um menino de 4 anos quando tentava subir uma escalada de um parque de diversões infantil de um condomínio em São Paulo. Ele dizia para si mesmo em voz alta, com respiração ofegante, com muito esforço físico para chegar ao topo: -Eu consigo...

Ia devagar, colocando sua mãozinha espaço a espaço, suando, como se estivesse escalando uma verdadeira montanha: -Eu consigo...
Ao mesmo tempo olhava sua tia, que estava tomando conta dele e que, diga-se de passagem, é psicóloga especialista em desenvolvimento infantil. Ela o incentivava e ele continuava sua trajetória, sempre dizendo: -Eu consigo...
Essa frase ficou na minha mente e percebi que, assim como uma criança de 4 anos, posso vencer qualquer obstáculo que apareça à minha frente. Eu consigo ser dona de casa, boa esposa, profissional dedicada, enfim, ser adulta!!! Eu consigo aprender coisas novas, estudar matérias que nunca imaginei, cozinhar, entender outras línguas, me virar sozinha, achar um endereço desconhecido (esse é o pior), consigo trabalhar em equipe, viver em um clima seco, ver minha família com pouca freqüência (embora não goste disso, eu consigo!). Eu consigo fazer novos amigos e preservar os antigos (aqueles “verdadeiramente verdadeiros”) consigo esquecer ou pelo menos “não lembrar” de decepções que a vida nos traz e seguir adiante, eu consigo! Consigo viver bem mesmo não tendo conseguido ainda tudo que almejo...Mas, afinal, não se pode ter tudo, não mesmo?

Ah, alguém poderia perguntar se o menininho conseguiu chegar ao topo do brinquedo...Mas será que isso, realmente, importa saber?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Livro do Desassossego


"Tenho que escolher o que detesto — ou o sonho, que a minha inteligência odeia, ou a ação, que a minha sensibilidade repugna; ou a ação, para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu.

Resulta que, como detesto ambos, não escolho nenhum; mas, como hei de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com outra."

Fernando Pessoa

Vivendo a gente aprende - Supermercado



Ok, tem muita gente que vai dar risada de alguns tópicos que vou escrever aqui (minha mãe, amigos e namorado volta e meia dão) mas tudo que vou relatar se baseia na "extensa" experiência de morar só e trabalhar em homeoffice durante quase 2 anos.

Reuni aqui algumas dicas de supermercado que nunca vi ninguém divulgar. Tentei evitar os concelhos padrão, tipo faça a lista, compre refil, leve a máquina de calcular, não vá com fome nem com crianças e etc...
Vamos lá:

1- Faça compras semanalmente e mensalmente: duas vezes por semana padaria, uma vez por semana feira, uma vez por mês produtos não perecíveis - nesses dias atenha-se somente aos produtos programado, nada de ir na padaria e levar coisa da feira!

2- Exceto quando for fazer o mercado mensal dentro do possível escolha uma loja perto de casa e vá a pé. Pode ser de manhã bem cedo, antes do trabalho. Assim você só vai levar pra casa o que puder carregar. Isso mantém a gente na linha na hora de escolher o que botar na cestinha.

3- Faça supermercado na sexta feira as 18:30h. Acredite, é o melhor horário. Tá todo mundo se arrumando para sair ou então emendando trabalho com happyhour. Não tem fila nenhuma e nem aquele incomodo engarrafamento de carrinho. Se você for inteligente leva a lista e em menos de uma hora está fora de lá. Chega em casa as 20h e 21h está pronta pra sair! Agora, se você não tem programa para a noite, vai por mim, o horário da novela das 8h é o melhor.

4- Antes de montar uma lista pense no cardápio da semana. Assim você evita colocar na lista aquele produto que não vai ser usado e vai terminar no lixo. Alías, planejar o cardápio é essencial para economizar!

5- Não vá ao supermercado de salto. Pode parecer besteira, mas depois de 1h empurrando o carrinho e carregando sacolas direto para casa ou do caixa para o carro e do carro para casa, você há de me dar razão não importa o quão confortável seu sapato possa parecer. Ainda por cima, convenhamos, aquele sapato que você pagou uma nota não merece ser torrado no mercado!

30 anos de Pacman - Não deixa de rolar uma identificação

Não sei se vocês concordam, mas, quando as coisas que a gente tem como referência de infância começam a fazer aniversário é que a gente percebe o como o tempo tá voando...


"Símbolo de um tempo, Pacman foi um dos primeiros games a se tornar mundialmente famoso. Lançado pela Namco no Japão no dia 22/05/1980, o jogo rapidamente ganhou várias versões e deu origem a, entre outras coisas, uma série de desenho animado para TV. Pacman foi um dos jogos da era de ouro dos videogames que ficou mais tempo na ativa, recebendo versões para praticamente todos os consoles anteriores aos de 32 bits (Sega Saturn e PS 1). O jogo é muito simples. O jogador controla Pacman, e o objetivo é circular em um labirinto e comer todos os pac-dots, ou os pontinhos amarelos ou brancos (dependendo da versão). Para atrapalhar, existem quatro fantasmas (Blinky, Pinky, Inky e Clyde) que tentam pegar Pacman. Existem pac-dots especiais, chamados power pellets, que fazem os fantasmas fugirem de Pacman e permitem comê-los. Se ele conseguir comer todos os pac-dots, o jogador avançará para o próximo nível, mas se os fantasmas conseguem pegá-lo ele irá perder uma vida. Tecnicamente o jogo não tem fim, visto que o nível 256 apresenta um bug que ou trava o jogo ou o força a retornar para o nível 1."
Cavalheiro -
www.geek.com.br


Fala sério! Pacman é uma das memórias mais ricas da minha infância. Sim eu adorava meu Atari e Pacman era o jogo que meu pai jogava comigo. Lembro de passarmos horas a fio passando de fase...


Hoje olhando para a descrição acima não posso deixar de pensar que sempre joguei pacman. Nesses trinta anos vivi um joginho sem fim, sendo perseguida por fantasmas, às vezes reunindo força e botando-os para correr, outras vezes perdendo um pouco de vida por ser pega por um deles numa esquina meio escura desse labirinto.


Feliz Pacman pra você!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Com a palavra: Balzac

"Uma mulher de trinta anos possui atrativos irresistíveis para um rapaz; nada há mais natural, mais poderosamente urdido e melhor preestabelecido que as afeições profundas de que a sociedade nos oferece tantos exemplos entre uma mulher como a marquesa e um jovem como Carlos de Vandenesse. De fato, uma jovem tem demasiadas ilusões, demasiada inexperiência, e o sexo é bastante cúmplice do amor, para que um homem possa sentir-se lisonjeado, enquanto uma mulher conhece toda a extensão dos sacrifícios que tem que fazer. Uma é arrastada pela curiosidade, por seduções estranhas às do amor; a outra obedece a um sentimento consciencioso. Uma cede, a outra escolhe. Essa escolha já não é por si uma imensa lisonja? Dotada de um saber quase sempre caramente pago por desgosto, dando-se, a mulher experiente parece dar mais que a si própria; enquanto a jovem, ignorante e crédula, nada sabendo, nada pode comparar nem apreciar, ela aceita o amor e estuda-o. Uma instrui-nos, aconselha-nos numa idade em que se gosta de ser guiado, em que a obediência é um prazer; a outra tudo quer saber, e, onde esta se mostra apenas ingênua, mostra-se a outra profundamente terna. Aquela apresenta-nos um só triunfo, esta obriga-nos a combates perpétuos. A primeira só tem lágrimas e prazeres; a segunda, voluptuosidades e remorsos. Para que uma jovem seja a amante, deve estar demasiado corrompida, e então a abandonamos com horror; enquanto uma mulher possui mil meios de conservar ao mesmo tempo o poder e a dignidade. Uma, extremamente submissa, oferece-nos tristes garantias de repouso; a outra perde demasiado para não pedir ao amor as suas mil metamorfoses. Uma desonra-se apenas a si; a outra mata em proveito do amante uma família inteira. A jovem tem apenas uma vaidade e crê ter dito tudo, despindo o vestido; porém a mulher tem-nas em grande número e oculta-se sob mil véus; enfim, ela acaricia todas as vaidades, e a noviça apenas lisonjeia uma. Há, além disso, no amor da mulher de trinta anos, certas indecisões, terrores, receios, perturbações e tempestades o amor de uma jovem nunca pode oferecer. Chegando a essa idade, a mulher pede ao jovem que lhe restitua a estima que lhe sacrificou; só vive para ele, ocupa-se do seu futuro, deseja-lhe uma linda existência, torna-a até gloriosa; obedece, pede e ordena, abaixa-se e eleva-se e sabe consolar em mil ocasiões em que à jovem apenas é da do gemer. Enfim, além de todas as vantagens da sua posição, a mulher de trinta anos pode tornar-se jovem, representar todos os papéis, ser pudica e embelezar-se até com a própria desgraça. Entre ambas, encontra-se a diferença incomensurável do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de deixar de sê-lo, nada deve satisfazer."

A mulher de 30 anos - Honoré Balzac

Dois é o começo do fim - 2

Ok, Barrrie falou de outro Dois então vamos a ele.

Já falamos na descoberta do outro, mas e no crescer pelo e com o outro?

Apesar de termos falado do casamento como uma bengala, as coisa graças a Deus não são sempre assim.
Não dá para negar o poder de uma relação a dois seja ela qual for. A força que ela faz brotar em nós para as mudanças e o desejo de poder ser melhor em todas as maneiras.

Ousaria dizer que dois é sem dúvida o fim de todas as coisas. Por "fim" quero dizer finalidade.
Queremos alguém (um amigo, amor, filho...) ou algo (uma carreira, um ideal, um sonho...) que nos dê a efémera sensação de completude sempre. Isso nos move e impulsiona nosso crescimento.

Crescemos para estar com os outros mais do que para estarmos com nós mesmos.
Seria isso?

E num ciclo virtuoso, cada vez que nos encontramos com esse outro, mudamos e buscamos crescer novamente...

Briony, o 2 e os 2 bilhões...

"Esses pensamentos lhe eram tão familiares e tão confortadores quanto a configuração exata de seus joelhos, sua aparência igual porém contrastante, simétrica e reversível. Um segundo pensamento sempre vinha após o primeiro, um mistério gerava outro: seriam todas as demais pessoas realmente tão vivas quanto ela? Por exemplo, seria sua irmã realmente importante para si própria, tão valiosa para ela mesma quanto Briony era? Ser Cecília seria uma coisa tão intensa quanto ser Briony? Sua irmã também teria um eu verdadeiro por trás da onda que se quebrava, e passaria tempo pensando nisso, com o dedo quase encostado na cara? E as outras pessoas, inclusive seu pai, e Betty, e Hardman? Se a resposta fosse sim, então o mundo, o mundo social, era insuportavelmente complicado, dois bilhões de vozes, os pensamentos de todo mundo a se debater, todos com igual importância, investindo tanto na vida quanto os outros, cada um se achando o único, quando ninguém era único. Era possível afogar-se naquele mar de irrelevância. Mas se a resposta fosse não, então Briony estava cercada de máquinas, inteligentes e agradáveis vistas de fora, mas sem aquele sentimento vivo oculto, interior, que Briony tinha. Era uma idéia sinistra e desoladora, além de improvável. Pois, por mais que seu senso de ordem se sentisse agredido, ela sabia que era muitíssimo provável que todo mundo tivesse pensamentos como os dela. Isso ela sabia, mas apenas de um modo um tanto árido; não conseguia senti-lo de verdade."

Ian McEwan - Reparação

Dois é o começo do fim...


Será que dois é mesmo o princípio do fim?

A primeira memória que tenho da ardua e fantástica arte e crescer é de quando tinha uns 8 para 9 anos. Lembro-me como hoje da epifania de não estar só no mundo. De de repente entender que haviam outras pessoas que como eu pessavam, sentiam e faziam o mudo girar em torno de si sob uma referência própria, na qual eu era o outro.
Deus! Lá estava eu deitada na proa do barco, sorvendo a brisa que vinha da gaiuta acima de mim, observando uma ou outra nuvem, quando de repente eu não era mais somente eu.

Eu era duas, era eu e a outra.

E logo, logo eu era milhões.

Não tenho certeza sobre o que me levou a tal conclusão, mas o fato é que passei o resto do dia saboreando a terrível descoberta que me deixava menos eu e mais mundo.

Foi a primeira vez que cresci conscientemente...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Memórias de Wendy

" Todas as crianças crescem — menos uma. Elas logo descobrem que vão crescer, e a maneira como Wendy descobriu isso foi a seguinte. Um dia, quando tinha dois anos, ela estava brincando no jardim e, depois de colher mais uma flor, correu para junto de sua mãe. Acho que devia estar linda, pois a sra. Darling levou a mão ao coração e exclamou: "Ah, se você ficasse assim para sempre!". Foi tudo o que aconteceu entre elas com relação a esse assunto, mas a partir daí Wendy soube que teria de crescer. A gente sempre sabe, quando tem dois anos. Dois é o começo do fim."

Livro do Desassossego


"Tinha-me levantado cedo e tardava em preparar-me para existir."

Fernando Pessoa

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Procrastinação, ansiedade e o fluxo natural das coisas...

Fazem bem uns 4 meses desde o último post. Isso por si só trás a tona um questão interessante sobre o crescer: qual o prazo?
Sim, Qual o prazo?
Qual o prazo para arrumar um trabalho que lhe mantenha?
Qual o prazo para sair de casa?
Qual o prazo para encontrar alguém?
Qual o prazo para casar, ter filhos?
Qual o prazo para fazer aquela viagem, conhecer o mundo?
Qual o prazo para mudar de vida?
Qual o prazo para crescer?

A Alice do post anterior já dizia: Quando crescer vou escrever um livro, (e depois ela mesma se corrige) ops, espera, eu já cresci!

Eu mesma sou adepta dessa frase: Quando eu crescer eu faço isso! Solto ela ironicamente (tá, até com uma pontinha de verdade) várias vezes em inúmeras conversas. Como se dissesse: um dia eu faço isso, mas agora ainda não é o momento.

E assim, sigo adiando grandes e pequenas realizações: montar meu jardim, sair correndo na chuva de propósito, fazer uma viagem grande pela América do Sul, aprender francês, alemão, pintura, tai chi, comprar aquele carro, reformar meu apê, ter um gato, um marido, um filho, uma caixa de costura....
Acho mesmo que os dias vão passando e não nos damos conta do tempo (não vou tocar no conceito de tempo nesse post pois acho que é melhor dedicarmos muito mais tempo a esse assunto tão importante para este blog do que um simples parêntesis, rs).
Mas, voltando ao assunto, penso mesmo que de vez em quando acordamos e nos damos conta que, como a Alice, já crescemos. Aí chegamos no segundo ponto deste post: Uma ansiedade terrível!

Nesse momento parece que estamos vivendo em um daqueles filmes em que só se tem mais 1 mês de vida para ajustar as coisas. Nesta ansiedade desenfreada tropeçamos nos erros mais infantis e adolescentes:

0 à 2 anos - Sorrimos para qualquer um que nos ofereça o mínimo;

2 à 5 anos - Fazemos birra com quem não nos dá o que queremos (que digam nossos namorados, chefes, professores, gerentes de banco...);

5 à 8 anos - Somos egoístas;

8 à 12 anos - Ficamos cegos para o conceito de longo prazo pois parece verdade que o mundo vai acabar amanhã;

12 à 16 anos - Achamos mesmo que não há falta maior do que a estamos sentindo;

16 à .... anos - Achamos que nunca mais teremos outra chance.

Ok, tá certo, procrastinação não é bom, ansiedade menos ainda, mas então qual o tempo certo? Qual o prazo?

Vamos enxaminar uma história indiana recente. Na Índia, uma mulher de 70 anos deu a luz a seu primeiro filho. Aí você pode dizer, que loucura é essa?! A mulher é avó de seu próprio filho?! Tá, tá certo é bem estranho, mas o que quero mostrar aqui é que tudo é possível para todos nós em qualquer tempo desde que não estejamos presos ao tempo moral de cada coisa. De certo essa mulher não terá uma maternidade comum, mas terá uma incomum.

Acho que pensar assim, liberando-se do conceito moral do tempo, pode ser muito libertador para que não procrastinemos pois sabemos que o tempo que escolhemos determinará o tipo de experiêcia que teremos, nem fiquemos ansiosos pois entendemos que de toda a forma nossa vida será rica em experiências independente do tempo em que venham.

É difícil, mas vale a pena tentar exercitar esse raciocínio!